CULTURA POPULAR TAPERENSE: MEMÓRIAS DA FESTA DA BURRINHA

A Festa da Burrinha constitui-se em patrimônio imaterial da Tapera na situação de extinto, sendo que sua última edição foi realizada há mais de quatro décadas atrás, segundo relatos orais. Finca raízes na cultura dos tropeiros, figura social típica das terras altas do espinhaço meridional com suas trilhas e picadas. O folguedo permanece ativo em alguns estados do Brasil, principalmente do nordeste como a Bahia.

Na Tapera, o levantamento inicial que trouxe evidências da necessidade de implementação de ações de registro, resgate e repasse da Festa da Burrinha ocorreu em Maio /2021 com a implementação do Programa de Valorização do Patrimônio Cultural Imaterial de Tapera. Estas primeiras evidências foram levantadas de forma mais concreta em entrevista com seu Sadi,  mestre e artesão local que foi estimulado a participar de uma web vivência   sobre a confecção da Burrinha em ripas de Bambu, durante a qual o mesmo identificou outros elementos que comprovam os traços  culturais da manifestação da Festa da Burrinha, indicando outros moradores que detém esta memória, narra a estrutura e dinâmica da festa, tudo isso a partir deste estímulo de escuta a memória  principalmente  da construção da burrinha, do folguedo em sua dinâmica , dos palhaços  e seus personagens.

Para Thiago Araújo, especialista em antropologia das festas, a ação trouxe orientações claras para aplicação do Modelo 3R´s desenvolvido pela GRIFT (Registro, Resgate e Repasse), “como estratégia para a reinvenção da tradição do folguedo, incluindo reedição do calendário de festejos e construção de um Plano de Inventário Participativo como suplemento do processo de registro da Festa da Burrinha como Bem Imaterial Cultural Taperense”. Neste horizonte, o coordenador do Centro Cultural Tapera Real Giordani Oliveira Ottone garantiu empenho na busca de apoiadores para novo projeto de intensificação das ações de resgate da Festa da Burrinha, ressaltando que “o equipamento já possui experiência similares que contribuíram para a volta de manifestações que haviam sucumbido na comunidade, como as Pastorinhas e a Banda Retreta Lyra de Santo Antônio”.

A web vivência construção de Burrinha em ripas de Bambu, bem como a entrevista com o Senhor Sadi é mais uma iniciativa do Estúdio Mídia Jovem, contando com a participação de agentes de cultura digital locais (captação de imagens por Vanessa Santos Saldanha e edição por Alisson Duarte), apoio da Lei Aldir Blanc/MG e da Secretaria Municipal de Cultura/CMD (serviços de antropologia e enquete etnográfica preliminar sobre a manifestação ).