Programa de Valorização do Patrimônio Imaterial: cultura digital, protagonismo juvenil e fazeres/saberes tradicionais da Tapera

Dezembro de 2019: o projeto do EMJ é aprovado com honras na 7a. Edição do Prêmio Nacional Culturas Populares, tendo como cartão de visita a potencialização da cultura digital com objetivo de salvaguardar o grupo das Pastorinhas da Tapera, importante manifestação cultural do distrito e reconhecida como patrimônio imaterial (PI) pela municipalidade. Valendo-se da atratividade exercida pelas novas tecnologias junto aos jovens, o projeto mostrou-se um grande sucesso na articulação intergeracional entre estes e a melhor idade, faixa etária onde geralmente encontramos os portadores dos saberes e tradições que buscamos preservar.

Tendo como base esta experiência inaugural bem sucedida, o EMJ recebeu novos equipamentos destinados pela Secretaria Municipal de Cutura visando aprimorar as condições de registro e edição. Ao mesmo tempo, aportes de fomento do Fundo Estadual de Cultura e da Lei Aldir Blanc/MG tem permitido avançar mas metodologias psicossociais e de imersão etnográfica para melhor abordagem do público alvo destas ações.

Neste horizonte, em Maio/2021 foi implementado o Programa de Valorização do PI da Tapera, como foco na salvaguarda de saberes/fazeres e manifestações tradicionais da comunidade. Esta iniciativa vem contribuindo para a formação artistíca e profissional de 03 jovens da comunidade recrutados como agentes de cultura digital e que contam com instrução e acompanhamento de profissionais especializados nas área de videografia e antropologia.

Para Júlio Jader Costa, da Grift – empresa que desenvolve metodologias de salvaguarda cultural – como o Modelo dos 3Rs – aplicado junto ao EMJ, a escolha mais adequada foi operar inicialmente com modalidades de PI ainda ativos, portanto mais fáceis de operar no nível do REGISTRO e do REPASSE. Contudo, o profissional que destaca que existe o planejamento a médio e longo prazo de operar com a modalidade mais complexas, que incluem o RESGATE de modalidades de PI em ruínas ou extintos, como o caso da já identificada Festa da Burrinha. O grande desafio apontado pelo pesquisador é a necessidade do poder público e da sociedade despertarem para a amplitude do conceito de patrimônio, pois em cidades como em CMD que possuem perímetro urbano histórico com edificações de grande valor cultural, o mesmo é usualmente reduzido à monumentos de “pedra e cal” centralizados. “Urge uma transformação radical das políticas públicas para abranger o universo polissêmico do patrimônio descentralizado nos distritos, visando sua salvaguarda.” Pare ele isso não ocorrerá a menos que a sociedade organizada assuma a dianteira, como o caso do Centro Cultural Tapera Real com a proposição do EMJ e do Programa de Valorização do PI tapeirense. E completa usando o ditado popular: “política é igual feijão, só funciona na pressão.”

Os primeiros produtos elaborados pelo EMJ já estão entrando em circulação. São os resultados das web vivências realizadas no meses de maio e junho com artífices de saberes/fazeres a Tapera. Abaixo o vídeo sobre a produção de melado . Aprecie e continue seguindo a série dos trabalhos que serão postados aqui no site.